” Mas eu fui só fazer xixi “

O ‘Observador’ revelou hoje, em pré-publicação, um excerto do capítulo 6, titulado ‘Mas eu fui só fazer xixi’, onde o antigo líder leonino conta um episódio que quase deitou por terra a tal reestruturação.

Bruno de Carvalho recorda uma reunião com os representantes de BES (Joaquim Góis) e Millennium BCP (Miguel Maia), nas instalações do agora denominado Novo Banco, mais concretamente uma altura em que um acordo parecia fechado. “É então que Joaquim Góis se levanta e diz que tem de ir à casa de banho. Fiquei sozinho com Miguel Maia e o ambiente parecia tranquilo. Mas não por muito tempo. Miguel Maia resolveu criar uma dificuldade inesperada e totalmente desnecessária naquela altura. Disse-me que o Millennium só assinava a restruturação caso eu me comprometesse a fazer um pedido de desculpas público. Segundo ele, em algumas conferências de imprensa que realizei sobre este tema, tinha dado a entender que a banca estava a ser um empecilho e a pôr em causa, propositadamente, o futuro do Sporting. Revelou também que ele e as pessoas do seu banco não tinham gostado dessas minhas declarações e que, por isso, não havia outra solução a não ser eu retratar-me e mostrar o meu arrependimento diante dos órgãos de comunicação social. Aquilo era um braço de ferro totalmente inusitado”, apontou.

O ex-presidente diz que “não aguentou aquela conversa”: “Agarrei nas folhas do pré-acordo que estavam em cima da mesa e atirei-as para o ar. De seguida, levantei-me e disse-lhe que não tolerava semelhante atitude e desfaçatez contra o Sporting Clube de Portugal: ‘A restruturação acaba aqui’. Os ânimos estavam exaltados. Gritos da minha parte. Gritos da parte dele. Palavras duras. É nesse momento que entra Joaquim Góis. Vê as folhas no chão e assiste a toda aquela discussão. Com um ar muito inocente e triste, diz uma das frases que jamais esquecerei: ‘Mas eu fui só fazer xixi’. Como quem diz: ‘Quando saí daqui estava tudo bem e agora aconteceu isto'”.

Depois de sair para fumar e acalmar-se, Bruno de Carvalho, enquanto caminhava pelo edifício, deu de caras com Joaquim Góis, que lhe garantiu que estava tudo resolvido e que podia voltar para a mesa de negociações. “Após três tentativas falhadas, ele [Miguel Maia] lá conseguiu dizer, de forma audível, que eu não precisava de fazer qualquer pedido de desculpas ao Millennium BCP e que a situação estava ultrapassada”, relatou.

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