O Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting Bernardo Ayala recebeu uma carta de um grupo de accionistas a solicitar uma assembleia geral extraordinária.
Eis a carta na integra:
«Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Geral da Sporting SAD, Bernardo Ayala,
queira, em primeiro lugar, aceitar os nossos cordiais cumprimentos.
Somos um grupo de acionistas que se encontra perplexo face à divulgação de
informação confidencial da sociedade na qual investimos.
Lemos nas notícias partes selecionadas dos relatórios encomendados à auditora
Baker Tilly, e encontramos na Internet o documento completo, tanto em relação à Sporting
SAD, empresa cotada da qual somos co-proprietários por via das nossas ações, como em
relação ao acionista de referência Sporting Clube de Portugal.
Primeiro ponto. Como, quem e quando? Como foi divulgado para o exterior o
relatório, quem o divulgou e quando é que o divulgou? O relatório é um documento da SAD,
cujo teor só poderia ser comunicado em primeira mão aos acionistas.
Segundo ponto. Quem autorizou a Baker Tilly a utilizar os números confidenciais em
detalhe na construção do relatório, sabendo que pela simples consulta por parte de milhares
de Sócios do Clube seriam tornados informação pública, de acesso a toda a gente, sobretudo
a outros agentes de negócio como empresários de jogadores, patrocinadores, fornecedores
e clubes rivais, o que põe em risco o sucesso desportivo e económico da nossa Sociedade.
Terceiro ponto. A responsabilidade da divulgação do relatório é sempre da
Administração da SAD, seja porque passou-o em primeira-mão aos órgãos de comunicação
social, seja porque, caso não o tenha passado, não acautelou os interesses da Sociedade por
via da escolha de parceiros éticos e competentes para fazer a auditoria. Caso a
Administração da Sporting SAD considere que a informação não saiu de dentro da própria
Sociedade (o que nos parece improvável dada a forma, o momento e os canais utilizados),
exigimos que se coloque, de imediato, um processo de investigação à Baker Tilly, e que se
suspenda, também desde já, o pagamento da auditoria, até estar totalmente esclarecida a
situação.
Estes três pontos que enumeramos, acrescidos da instabilidade que se vive na
Sporting SAD causada pela divulgação da auditoria de gestão à anterior Direção, exigem
respostas. Nesse sentido, apelamos ao Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Geral da
Sporting SAD que marque uma Assembleia Geral Extraordinária para que a Administração dê
explicações cabais sobre os contornos da auditoria e da sua divulgação.
Aproveitaremos a ocasião para pedir informação e transparência sobre os 2 milhões
de euros pagos ao Wolverhampton para alegadamente abrir o mercado chinês ao Sporting
Clube de Portugal (em que consiste o protoloco e o que já foi feito) e sobre o empréstimo de
65 milhões que a Sociedade recebeu (aumentado o seu endividamento), nomeadamente
prazo, taxa de juro a pagar, colaterais e se o dinheiro foi ou não utilizado para amortizar
divida bancária (40 milhões de euros).
Gostaríamos por último, que outros acionistas de referência se pronunciassem sobre
a obscenidade de ter a vida da Sporting SAD exposta a nu na rua, e sobre as consequências
que isso pode ter no presente e futuro da Sociedade, ainda para mais no ambiente
concorrencial feroz do mundo futebol.
Aguardamos com urgência, a resposta do Exmo. Senhor Presidente da Mesa de
Assembleia Geral da Sporting SAD a este nosso pedido, que, acreditamos, reflete as
preocupações de todos os acionistas. Tornaremos pública esta missiva.
Os nossos melhores cumprimentos,
Pedro Geada
Paula Correia
Hugo Santos
João Silva
João Ribeiro
Bruno Mascarenhas
Gonçalo Fernandes
João Neto
Marcelo Alcântara»
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